A mesa está posta. Há petiscos, há vinho, há cadeiras onde sentar e uma, duas violas à mão. Sobretudo, há gente unida pelo prazer de se encontrar e trocar histórias. A música é uma inevitabilidade, surge enquanto expressão desse gosto palpável, dessa simplicidade em que as canções vão soando à celebração da coisa mais simples de todas: estar entre amigos. Os Tais Quais são um grupo assim, “quais oliveiras, olivais, pintassilgos, rouxinóis” (assim o diz a “Moda da Passarada”), sem explicações complicadas. Gente que se junta porque quer estar junta, gente que se agarra à ideia romântica das tascas por onde brotava livremente o cante noutros tempos.
O Alentejo ocupa a grande espaço do reportório deste grupo formado por João Gil, Vitorino, Tim, Vicente Palma, Celina da Piedade, Paulo Ribeiro e Sebastião. As violas, o acordeão, a percussão, quem sabe uma viola campaniça e um coro de arrepiar. Mas, pelo meio, há também Jorge Serafim, conhecido contador de histórias, que aqui aparece como o anfitrião de um lugar ficcional chamado A Venda do Isaías, e que partilha as suas pérolas de sabedoria desfiando histórias, anedotas, contos populares.
A música não é apenas a música, neste caso. Fala por toda uma região. E, por isso, não começa ao primeiro acorde e não termina com os aplausos, não vive na prisão dessas regras ditadas pelos palcos. Vive destas trocas espontâneas, que é lançada por um e agarrada pelos restantes, mas que pode ser atravessada por um relato que Isaías/Serafim vai buscar ao baú da sua sabedoria popular. Seguem-se umas às outras, músicas e histórias, da mesma maneira que a mesa parece estar sempre repleta.
Os Tais Quais prometem espalhar a sua música pelo país. E fazer novos amigos pelo caminho. Eles que se juntem. A mesa está posta.