O que é que leva uma artista com uma carreira consolidada a começar de novo? É que é de começar de novo que falamos, quando falamos de “Restart”, o novo disco de Aurea.
Para trás ficou a segurança de uma fórmula que lhe valeu várias Platinas: a Soul inspirada nos clássicos anos 60, nos heróis Otis Redding, Aretha Franklin ou Al Green. A procura de um lugar só seu falou mais alto.
Um lugar sem tempo, sem género vincado que, sem nunca se desviar das origens que a inspiram, sejam Soul ou Jazz, sejam Pop ou Rock, seja o seu mais fiel reflexo. O reflexo de uma artista madura que, ao mesmo tempo que domina a sua linguagem, sabe que a sua arte é alimentada pelo inconformismo.
Deixou o conforto da sua banda para trás e voou para os Estados Unidos, para trabalhar com a lendária baterista Cindy Blackman Santana e com o extraordinário baixista Jack Daley – a dupla que assegura a produção de “Restart” e que já foi a secção rítmica de gente como Lenny Kravitz ou Joss Stone – em busca desse lugar que a define. Ou melhor, a distingue.
Rodeada de músicos de peso, daqueles que têm as fundações da música moderna no seu ADN, Aurea começou de novo. Reformulou a sua linguagem soltando-se das amarras que lhe haviam garantido o sucesso e conseguiu.
Encontrou esse lugar que é só seu.
Nas 12 grandes canções que compõem “Restart”, há ainda muita Soul, como há Jazz, Rock e uma apurada sensibilidade Pop. Há passado e presente porque há, acima de tudo, intemporalidade. Há exigência, cuidado com o pormenor, perfeccionismo. Há Aurea.
Nenhum artista consegue sustentar uma carreira marcante, sem assumir riscos, sem se reinventar e sem procurar, constantemente, vincar a sua personalidade.
Começar de novo faz parte do caminho a que apenas estão destinados os eleitos. E Aurea é um deles.