A inspiração para o nome do álbum remete para uma novela brasileira da década de 80: “Pai Herói”. “O personagem principal, interpretado por Tony Ramos, chamava-se “André Cajarana” e eu, como era o único André na minha escola, ganhei uma alcunha que detestava. É uma memória de desconforto e de construção de identidade, duas questões com as quais me debati quando decidi fazer um disco a solo”, avança o músico. Anos mais tarde, conheceu Ricardo Dias Gomes, músico brasileiro, que viria a co-produzir o álbum de estreia com André Henriques. “Durante um mês encontrámo-nos algumas vezes para registar as canções que me iam surgindo e pensar os arranjos. Num desses encontros disse-lhe que queria chamar ‘Cajarana’ ao disco e contei-lhe a história da novela e do desconforto que me causava a alcunha em miúdo”. A curiosidade é que o músico brasileiro respondeu que não se lembrava da novela mas ao pesquisar na internet deparou-se com a curiosidade máxima: “Caramba, foi a minha avó que escreveu essa novela”. Ficámos os dois perplexos. Nascemos os dois no mesmo ano, em dois lados opostos do Atlântico, decidimos trabalhar juntos sem nos conhecermos e no final de tudo tínhamos entre nós esta desconcertante coincidência”.
A concepção gráfica do álbum ficou a cargo do coletivo Dobra em parceria com o próprio André. “A capa do disco é um auto-retrato cego que fiz em frente ao espelho, sem nunca olhar para a folha ou para a mão que desenhava. Fiz vários desenhos seguidos, em cada um demorava não mais do que 2 minutos. No final, ao ver todos os que tinha feito acabei por escolher o primeiro”, indica André Henriques, reforçando a vontade geral deste trabalho: um álbum feito de impulso, composto num período de 2 meses, juntando músicos em 6 ensaios e, em menos de uma semana, concluindo o disco que daqui a cerca de um mês verá a luz do dia.
O álbum de estreia de André Henriques contou com produção Ricardo Dias Gomes, músico brasileiro que tem colaborado com Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto ou Jesse Harris. Neste primeiro trabalho a solo, André estende a sua identidade, partindo sempre do texto para criar um universo musical muito próprio recheado de histórias que nos prendem até à última sílaba.