Neste terceiro álbum, Yolanda Soares inspira-se novamente em Fados Amalianos ( sua grande influência dentro do Fado), mas numa época muito específica da carreira de Amália, onde o Fado sofreu uma “transformação”, quer com a escolha de autores mais eruditos (como Camões por exemplo) quer pelas melodias mais complexas e elaboradas (principalmente as do compositor Alain Oulman).
Nessa época os guitarristas tinham alguma dificuldade em abordar tais fados, e em tom irónico diziam: “... lá vai ela para as óperas...” .
Foi exactamente este termo que serviu de inspiração para todo um conceito onde Yolanda Soares recria alguns fados Amalianos dando-lhes o carácter romântico da ópera e acrescentando também sonoridades da World music (Flamenco, Tango, Oriental etc...).
Reconhece-se em Yolanda Soares uma capacidade de criar, inovar e trazer sempre alguma surpresa aos seus projectos e este não é excepção.
Royal Fado é isso uma inspiração artística e musical que começa no Fado, é envolvido em música clássica e ainda ornamentado com estilos da dita “World Music”, onde o Fado é Rei inspirando tudo o resto, e onde o povo ascende ao trono com este estilo musical tão representativo de um sentimento. De uma alma. De um Pais.
É por este facto que Yolanda Soares apresenta agora, como single deste CD , e como primeira abordagem deste conceito, um Fado que Carlos Paião fez para Amália intitulado de “ O nosso povo” .
Para Yolanda Soares os fados mais arrojados de Amália não são de todo diferentes da ópera, já que na sua essência comportam uma carga emocional, um virtuosismo vocal e uma complexidade melódica que se poderia quase associar a árias de Puccini ou Verdi. A uma época romântica e virtuosa.
Não é de todo atrevido dizer que Amália é a nossa Callas do Fado.
Yolanda decidiu abordar os Fados de Amália escolhendo a Harpa como instrumento “chave” para esta abordagem, onde pretende unir o Fado a uma linha de época mais romântica e também do “universo” world music.
Neste trabalho Yolanda Soares associa o Fado à nobreza não esquecendo que a monarquia também tem e teve um peso fundamental na estrutura arquitetónica e cultural de Portugal.
Na procura de todo este universo, Yolanda Soares decidiu convidar uma artista muito especial, oriunda do País de Gales (ao qual a Harpa está muito associada), a conceituada ex-harpista oficial da casa Real Inglesa, Claire Jones, que dá esse toque necessário de romantismo e nobreza, e que juntamente com a nobreza de “toque” da guitarra Portuguesa de Custódio Castelo e os arranjos do percussionista e compositor Chris Marshall cruzam as fronteiras da distância e acrescentam aos Fados Amalianos uma sonoridade única . Ascestral , romântica, mas também tradicional, universal e moderna.
É um trabalho que passa as fronteiras do tradicional. Vai além de conceitos estanques e abrange universos muito generalizados.